Certa vez, uma viúva ao profeta Eliseu
foi, chorando, dizer: - "Meu marido morreu.
Tu bem sabes que ele era obediente ao Senhor
consagrado ao Serviço, audaz trabalhador,
em toda e qualquer parte, ao sol, ao vento, à chuva,
era o amparo do órfão e o arrimo da viúva,
da criança era um pai, das mães um filho amigo
aconselhava o bem, prevenia o perigo;
e pelo seu viver pacífico e ordeiro
de todos era o guia, o mestre e o conselheiro.
Se acaso alguém caía, em meio à tentação,
para erguê-lo, sereno, ele estendia a mão.
Sorria com o feliz, chorava com o inditoso
e para o fraco e o pobre ele era generoso.
Porém, Deus o levou; e neste mundo avaro
com dois filhos fiquei jogada ao desamparo.
Por ele querer sempre a todos ajudar
só dívidas deixou, sem meios de as pagar;
E os credores, agora, injustos, maus e ignaros
vieram para levar meus filhos como escravos.
Mas, sem eles, senhor, como é que eu vou viver?
Tem piedade de nós e vem nos socorrer!"
Comoveu-se o profeta; e, pra provar-lhe a fé,
perguntou-lhe, ajudando-a a se firmar de pé:
- "Que te posso eu fazer? Que tens em tua casa?"
- "Tua serva só tem uma botija rasa
de azeite, nada mais!" (Disse ela humildemente).
Do profeta esperando a solução urgente.
E ele fala, ao notar-lhe a fé, sem fantasias:
- "Anda! E aos vizinhos pede as vasilhas vazias!
Não poucas! E em teu lar com teus filhos, em suma,
com o azeite da botija enche-as, uma por uma!"
A viúva, agradecida, e cheia de esperança,
a tão bendito afã apressada se lança.
Fez como o homem de Deus houvera lhe ordenado
e quando o último vaso encheu e o pôs de lado
o azeite da botija, instantâneo, parou...
Aleluia! Foi Deus que o milagre operou!
Foi ele que através do seu profeta santo
resolveu seu problema e estancou o seu pranto!
E a viúva entendeu, feliz como ninguém
que com Deus, vale muito o pouco que se tem.
Aleluia! O Senhor não se esquece do pobre,
pois sua santa mão de dádivas o cobre.
Ele dá sua ajuda e amparo ao desvalido,
consola o triste e aflito, atende ao seu pedido
na justa ocasião, no momento propício,
sem deles exigir o menor sacrifício.
Ele não fecha o ouvido a quem necessitado,
lhe pede a proteção e a bênção do cuidado!
Se alguém algo lhe pede e não obtém resposta
é porque seu pedido injusto a Deus desgosta.
Ele dá o que for direito e necessário
não pra deleite humano e gasto perdulário;
mas para que cada alma, isenta de discórdia,
exalte com amor sua misericórdia.
E a viúva voltou a falar com o profeta,
tendo de gratidão e amor a alma repleta:
- "Senhor eu procedi conforme o teu mandado.
Agora, o que farei do azeite envasilhado?"
- "Vai logo, e vende-o bem! (Ordena o homem de Deus)
Tua dívidas paga! E tu com os filhos teus
vivei do que restar! Mas testemunho dai
do poder salvador do vosso Deus e Pai!"
Aleluia ao Senhor! Que nos sirva a lição
de que o pouco com Deus vale mais que um milhão!
Com Ele um galho só transformar-se em floresta
e a alma que se arrepende enfeita o céu de festa -
num presépio em Belém, um Natal foi prenúncio de glória
e um mártir na cruz deu novo rumo à História.
De um túmulo vazio a salvação dimana
e a sagração da crença honra a pessoa humana.
Entre nobre e plebeu, entre tribo e nação
o Evangelho do amor nunca faz distinção.
A mulher, a criança, o servo e o estrangeiro
tem tratamento justo e igual no mundo inteiro.
Quer no campo ou no lar, quer na pena ou no malho,
a humanidade exalta o valor do trabalho.
- "Aleluia ao Senhor!" Ergamos nosso brados
e não ficamos sós e nem abandonados!
Abramos a nossa alma à luz celestial
pois o pouco com Deus vale muito, afinal!
(*) Este poema abre a primeira parte do livro que o autor intitula de "O Anseio dos Corações, na Paz do Senhor" constituído de poemetos.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
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5 comentários:
Amado irmão, graça e paz. Amado, muito boa a tua iniciativa, de publicar este rico material do MBF. Independente de os textos serem ou não inéditos, é uma bênção poder contar com mais este espaço, divulgando este grande poeta.
E caso você possua novos poemas (teus), me envie, para futura publicação no blog.
Que Deus lhe abençoe grandemente, em nome de Jesus.
Um abração do irmão Sammis
www.poesiaevanglica.blogspot.com
O livro "Na Paz do Senhor" de Màrio Barreto França, foi publicado em 1984 pela Editora Betânia. Já está esgotado também.
Marcos França - filho do poeta.
Paz do senhor!obrigada por enviar-me tão belos poemas.Amo poesia,cresci declamando poemas de Mário Barreto e hoje quando posso ainda declamo.Que Deus continue lhe abençoando!
Gostei muito deste poema. Não o conhecia.
Declamo algumas poesias de Mário Barreto França que é um dos meus poetas favoritos.
Marly Lima
Ola, gostei muito da sua iniciativa, estou a anos procurando uma poesia do Mario Barreto França. " Vinte anos,vinte séculos após " se puder me ajudar eu agradeço muito!!!
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